O tempo.

Sempre a menos comportada, a que zoava e era zoada na sala de aula. Sempre com um ar de líder, de melhor e sempre querer ser a melhor.

Usava tênis sujo, rasgado, masculino. Sempre de calção largo, calça capri ou moletom. Camisetas sempre 2 ou 3 números acima eu ela deveria usar. Sempre com Cpm22, caveiras, e qualquer outra coisa que não fosse florzinha, coraçãozinho e borboletinha. Ela odiava essa frescurada.

O Cabelo pouco importava pra ela, estava sempre bagunçado e suado de ficar jogando futebol com os meninos da rua de baixo.

Um projeto de Menina Moleque perfeito.

Seu modo de falar era totalmente contra o que uma menina de 6 ou 7 anos tinha que falar. Seu andar era de malandro, e sempre com o nariz empinado, com ar de superior em cima dos outros, mas quando era na frente dos pais dela, o respeito era total, eles nunca precisavam falar duas vezes.

A Menina Moleque conseguiu pela primeira vez um pôster da sua banda de Rock preferida, e colou na parede, na esperança de que quando fizesse seus 16, 17 anos, teria suas paredes do quarto cobertas de pôsteres.

Ela tinha seus amores como qualquer garotinha de 12 ou 13 anos, mas os meninos só a viam como um moleque, um parceiro de futebol e bater figurinhas no recreio da escola.

Um dia, ela resolveu contar ao menininho que o achava lindo, alias o sonho de todas as meninas da escola, e que gostava dele a um tempo já. A Menina Moleque voltou pra casa chorando e jurou no mesmo dia que nunca mais falaria com ele depois do que ele disse pra ela.

Assim foi o ensino Fundamental dela, até a oitava Série, um moleque completo, amores impossíveis, mas sempre, SEMPRE, cheia dos melhores amigos.

O Mundo deu tantas voltas. Chegou o ensino médio.

Se comporta agora de acordo com os limites de cada situação. Zoa na sala, mas não é zoada. Fez da humildade um fardo pra vida inteira, ela nunca deveria ser melhor do que os outros, mas a melhor pra si mesma, superando – se sempre.

Hoje ela usa Tenis de marca, cheio de detalhes e limpos. Trocou os calções largos por Jeans apertado, com detalhes e brilho. Ainda tem uma ou outra camiseta de banda, mas o rosa, azul, e cores claras predominam, e o numero é o exato. Cabelo então, nossa, hoje louca por uma escova progressiva e sempre preocupada se esta arrumado.

Trocou a bola de futebol por um computador. Os jogos com os meninos da rua de baixo, por um Shopping com as amigas.

A Menina Moleque amadureceu, reconhece que era uma idiota por se sentir no poder de que podia mais que qualquer um. Quanto aos pais, bem, esses precisam falar mais de 5 vezes e mesmo assim ela desobedece. Mas é porque defende o que acha certo e o que pensa.

Hoje, ela tem mais de 20 pôsteres nas suas paredes, e pensa seriamente em arrancar tudo fora, e pintar as paredes.

Quanto aos amores? Talvez por sua aparência na infância não a deixar se quer pegar na mão dos meninos, pois na certa fugiriam, hoje ela não se apaixona pelo primeiro que piscar para ela. O que é bom pra ela, ter vários amigos meninos e saber separar as coisas.

Ah! Estão se perguntando do menininho aquele né? Pois é, hoje ela encontrou com ele, e depois de horas de conversa, ele falou: “Tu ta linda, diferente, não quer ficar comigo?”. Ela sorriu e disse que ele perdeu a chance a 3 anos atrás. Os dois riram. E ela foi o caminho de volta pra casa pensando: “Nossa como ele mudou. Ficou idiota. Um banho não ia matar ele. E como é inútil, parou de estudar por preguiça!”

Na realidade, o tempo passa, e bem rápido. As pessoas mudam. Mudam o jeito, a forma de pensar e de agir. Mudam de lugar, de costumes, de amigos. O tempo faz com que amadurecemos, ou não. O que nos fazia rir ontem, hoje não tem graça, e é assim que as coisas são. Pessoas que planejam toda uma vida, sendo que amanha já mudaram de idéia sobre o que iam fazer de almoço. O tempo é o senhor de todas as mudanças.

Beijo, e um café bem bom pra vocês!